Zugzwang
O tempo faz esquecer
O que a cabeça quer crer
Mande notícias um dia
Recortes
Pra eu te ler no jornal
Passando os dedos em braille
Hoje acordei querendo
fazer do peito filho órfão,
mas eu sou
ao mesmo tempo
pai e prole.
Se eu vou embora,
me levo junto.
Tenho que dormir
E sonhar
E fazer do escuro descanso
Mas ontem não deu
A cada hora do dia que foi
Me desconheci
Fiquei a margem de mim
No meu sonho velho
Na memória antiga
Na vila que eu morei
Consegui me ver lá de longe,
que olhei de volta e respondi.
Mas não fui nenhum dos dois
Preciso de uma boa noite de sono.
Preciso deitar e dormir.
Vai me resolver a curto prazo,
Vai me dar uma vírgula a mais
Por agora
Continuo cantando
Aquela balada bonita
Continuo sendo
Homem menino janela
Continuo lá dentro
Aquele da foto
banho dentro da panela
Queria voltar a inocência
A desenganação
Em não ter que fugir de ti
Sem ter que negar a mim
Ou me dar por vencido
Nesse zugzwang