Preparação

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O sol, ao molhar a calçada, não perde seu brilho,

Em um lampejo de vida incendeia o caminho.

A rua desemboca na boca de um afogado,

onde os pedestre encontram com a garganta da noite

Uma angústia lhes lacera num fluxo desvairado.

Dentro da noite, irradia o claro, rubro de sangue, tocando rostos das árvores, e as folha como vagalumes, uns que piscam, outros emperrados

Um volume de noite trevosa e uma assombrosa beleza nos enche de gozo.

E a mulher mitológica desconhece o sol, o fruto maduro, que é maduro sempre, pois

Está pronto como como a manga que é sumo quanto doce

A praia, luta como uma pétala veloz de flor,

Sussurra no ouvido dos que amam e sabe

Que um grão de areia é um tenebroso espetáculo

No ombro da noite, compreende que pernas não se coaduna com os rumos.

O nome, que é por onde tocamos as coisas impossíveis;

rio, que as vezes raso, outras, fundo, largo ou maculado pelo desastre

É rio, servo obediente que se leva aos mares. Nomes que se desmancham em coisas como verdade.

Camas guardam segredos, salvo quando pulsam em coito violento,

Martiriza a noite, e a chaga reverbera através das paredes.

Onde cada um sabe que há uma fruta madura senso devorada,

E ela desconhece, no pavor de saber, não vê que homens são meninos mas também homens são homens. Como sabe,

Caminhantes do mistério, em jogos, alguns, desacordados.

Às vezes, em vertigem, que se vale pelo seu vale.

Botões acendem no escuro molhado de treva,

A Esperança persistente, na árvore suculenta que a todos fascinam, como a carne que ama

Os dentes, em voracidade e entrega,

O chão , o sapato, a vítima, o veneno,

O indizível é essa mesa, esse jarro, onde a uva se jogou e agora não sabe de si,

Só da boca que lhe gosta.

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Neste instante, as lavadeiras tecem o manto da noite,

Esfregando pedras, incitando faíscas no firmamento, a vida

Revela-se como um infinito envolvente.

A amante, uma essência essencialmente passiva,

Torna-se ativa ao ser amada, na entrega se desvenda,

Curvando sua plenitude num círculo enigmático sobre a mente.

Amarela, vermelha, às vezes, rubra desvelando a noite,

Consome-se para sentir-se completa, varre o céu

Com o fulgor profundo e púrpuro da luz que a sustém.

Perde-se nas sombras que lhe conferem nome,

Melhor ainda, sobrenome que a define, substantivo composto,

Definha, floresce.

Prepara os amantes para abraços tão apaixonados,

Enquanto da minha janela, conjecturo um mundo alternativo,

Mas como transcender a utopia de tamanha beleza?

Resta a rua com asfalto estourado, praças com bancos partidos,

A impaciência que distancia as coisas, ou as coisas que se desvinculam

De nós mesmos. Conheci uma senhora, senil e inabalável,

Pois a beleza emanou dos céus pavimentando a estrada

Com o néctar da criação; os íntegros continuam a implicar

Com os troncos contorcidos dos manguezais.

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Nesta hora, as lavadeiras vão preparando a noite,

Esfregando pedras, fazendo faíscas no céu, a vida

Se mostra como um infinito.

A amante, passiva por excelência,

Só é ativa porque é amada, ao receber ela se entrega,

Inclinando sua redondeza num círculo misterioso acima da cabeça.

Amarela, vermelha, às vezes sangue iluminando a noite,

Ela se consome para ser completa, varre o céu com sua profunda e púrpura luz.

Deixa-se perder nas sombras que lhe dão nome,

Melhor ainda, sobrenome que a define, substantivo composto,

Ela mingua, ela é cheia.

Ela prepara os amantes para abraços tão amados,

Da minha janela, imagino um mundo alternativo,

Mas como saltar de um belo que é, no mínimo, belo como esse mistério?

Resta a rua de asfalto estourado, praças com bancos quebrados,

A impaciência que nos afasta das coisas, ou as coisas que se separam

De nós, conheci uma senhora que era caduca, nada lhe feria,

Pois a beleza desceu do céu e pavimentou a estrada com

O mel da criação; os não-caducos continuavam implicando

Com o tronco retorcido do manguezal