luz amada
À essa hora, as lavadeiras já preparam sua parte da noite,
Já esfrega a pedra, faíscas se espalham no céu e a vida
se apresenta como infinito.
A amante passiva, tem por isso, menos ativa, por excelência,
que só é porque é amada, amada é, ao receber ela se dá,
Inclina sua redondeza num circulo de mistério no alto da cabeça.
Amarela, vermelha, as vezes sangue alumiando o resto da noite,
se consome quando para ser toda, inteira, varre o céu purpuro e profundo.
Se deixa se perder na sombra que conforme o corte, lhe dá o nome,
Melhor, sobrenome que junto a ela, é como ela, substantivo, compostamente
minguante, compostamente cheia
toda ela prepara os namorados para que os abraços sejam
Dos mais amados, da minha janela imagino um outro mundo possível,
Mas como saltar de um belo, que seja, no mínimo, belo como esse misterioso belo?
Sobra a rua do asfalto estourado, das praças com bancos quebrados,
A impaciência que nos tira das coisas, ou as coisas que se põe separadas
Da gente, eu conheci uma senhora que era caduca, nada mais lhe feria,
Pois a beleza desceu do céu e tornou toda estrada pavimentada com o
Mel da criação, os não caducos continuavam implicando com o tronco retorcido
Das árvores dos manguezais.