O sertão

Era cedo quando saí ao banho,

Caminhando na vereda solitária,

Olhando a mata verde recém-banhada,

E a passarada me dando bom dia.

Ia em direção ao rio que transbordava,

Pela chuva abençoada no sertão,

Cada gota que caía pintava a terra fria,

Onde eu pisava com o coração.

No rio, a criançada se divertia,

Pulando da ribanceira isolada,

Outros na pescaria de landuá,

Era um "ah!" quando nada vinha,

E, quando vinha, era só alegria.

A correnteza braba me preocupava,

Mas todos ali eram filhos de Maria,

E Ela, com certeza, a todos protegia.

No céu limpo, o sol brilhava,

E eu parado à sombra da oiticica,

Fitava a água fria de uma bica,

Querendo ali começar meu dia.

O ambiente me entusiasmava,

Pois transbordava alegria,

E eu, indo de mansinho, me molhava,

E compreendia de todos a euforia.

O sol alto diz que passa do meio-dia,

É hora de voltar para o almoço,

Deixava aquele alvoroço e seguia,

Pela trilha quente, um sol ardente,

Deitando sobre a mata que o refletia,

Uma moita de mofumbo contorcida,

O marmeleiro que, ao vento, pendia,

Assim é o sertão quando chovia.

Chegando em casa agradecido,

Sobre a mesa, um banquete sem igual,

Jerimum, maxixe, milho cozido,

Feijão verde, piaba assada na brasa,

É sempre bom voltar pra casa,

E ter tanta iguaria a escolher,

Este é o sertão da infância passada,

Não há lugar melhor pra se viver.

JarbasTaboza
Enviado por JarbasTaboza em 16/08/2023
Código do texto: T7862778
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