QUATRO TRONCOS DAS MISSÕES 

 

Quatro troncos missioneiros
De um Rio Grande que dá vau
Por Jayme Caetano Braun 
Foram assim definidos
São quatro guascas curtidos
Pelo clima da querência
De primeva ascendência
Têm o DNA dos guachos
Que um dia foram os fachos
Da missioneira experiência

 

Quatro troncos missioneiros
Feito o Cenair Maicá
Que andou por Oberá
Sorvendo seu chamamé
Dos rios do chão de Sepé
Fez sua causa ante o patrono
Viu que o peão no abandono
Tem seus direitos sociais
E que o esbulho aos ancestrais
Não dá direito de dono

 

Quatro troncos missioneiros
Me alembro do Pedro Ortaça
Que é o fogo da fumaça
Desse quarteto teatino
Do canto é um peregrino
Menestrel das Reduções
Suas cantigas têm noções
E a algum venal intriga
Que ele não peça bexiga
A milicos e patrões

 

Quatro troncos missioneiros
Salve, Noel Guarany
Que viveu no Itaqui
Bombeando sua Bossoroca
Anguera que sai da oca
Com sua missão de cigarra
Manuseando sua guitarra
Com seu canto destemido
Pra dar voz aos oprimidos
Em milongas e chamarras

 

Quarto tronco missioneiro
O Jayme Caetano Braun
Vaqueano como o Blau
Na gaudéria tessitura
Com rematada ternura
O relembro em improviso
Tirando do povo o riso
Que um popular na plateia
Despencou da sua boleia
E o pajador foi preciso

 

Quatro troncos missioneiros
Legado, fé e apreços
Que estes tempos de adereços
Apontam pra supressão
Mas dos livres sem patrão
Ressurge o canto da raça
Mestre Jayme e Pedro Ortaça
Dom Noel e Cenair
Hão de pautar o porvir
Porque o exemplo entrelaça.

Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 16/08/2023
Reeditado em 16/08/2023
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