Narcísica
Em quantas instâncias
da minha memória
você restará,
amanhã?
é difícil saber agora,
no meio de todo esse barulho,
e desse enrosco
feio,
e frio,
de meio de Agosto.
Mas assim,
há sempre aquele lado,
que fica pra fora d'água,
quando se tenta boiar
na correnteza.
E eu emerjo
do fundo do Capibaribe
e sigo rasgando
as ruas do Recife,
como sempre fiz,
E em algumas delas
eu te encontrei
e nos achamos.
pro bem,
ou pro mal,
Dei risada,
algumas vezes
da minha sorte
no azar,
mas já deu.
passei minha vez,
e espalho as minhas pedras
sobre a mesa,
pra você bater.
Eu me perdi foi no deboche
e no sarrabulho
do mau humor.
Já engoli coisas piores,
meu amor,
quando a maré me derrubou,
em outras noites,
Antes você,
do que a próxima,
eu penso,
enfim.
Mas sigo escrevendo
sobre a musa
Narcísica,
com todos os traços,
que eu vinha tentando
não perceber.
Censuro meus sentimentos
quase sempre,
mas minhas palavras
Eu deixo escorrer,
a despeito das ressacas
e desafetos,
que por certo
haverão de correr
daí pra cá,
e de cá
pras profundezas,
dos corpos,
e dos copos,
onde sigo tentando
me afogar.