Narcísica

Em quantas instâncias

da minha memória

você restará,

amanhã?

é difícil saber agora,

no meio de todo esse barulho,

e desse enrosco

feio,

e frio,

de meio de Agosto.

Mas assim,

há sempre aquele lado,

que fica pra fora d'água,

quando se tenta boiar

na correnteza.

E eu emerjo

do fundo do Capibaribe

e sigo rasgando

as ruas do Recife,

como sempre fiz,

E em algumas delas

eu te encontrei

e nos achamos.

pro bem,

ou pro mal,

Dei risada,

algumas vezes

da minha sorte

no azar,

mas já deu.

passei minha vez,

e espalho as minhas pedras

sobre a mesa,

pra você bater.

Eu me perdi foi no deboche

e no sarrabulho

do mau humor.

Já engoli coisas piores,

meu amor,

quando a maré me derrubou,

em outras noites,

Antes você,

do que a próxima,

eu penso,

enfim.

Mas sigo escrevendo

sobre a musa

Narcísica,

com todos os traços,

que eu vinha tentando

não perceber.

Censuro meus sentimentos

quase sempre,

mas minhas palavras

Eu deixo escorrer,

a despeito das ressacas

e desafetos,

que por certo

haverão de correr

daí pra cá,

e de cá

pras profundezas,

dos corpos,

e dos copos,

onde sigo tentando

me afogar.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 15/08/2023
Reeditado em 15/08/2023
Código do texto: T7862486
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