Rascunho dos Loucos
A poesia nasce da espontaneidade da alma
e não há como prendê-la em grades e aramados.
Suas asas alcançam distâncias e alturas inimagináveis,
que os olhos da razão não conseguem conceber.
Por isso, não há como transformar razão em ilusão
fora dos versos e linhas de uma poesia!
No voo augusto dos pássaros ela nasce célere
e segue seu destino no flanar das velas do vento.
Como uma carta de um tempo que ainda não se fez
guardando memórias, medrando sentimentos!
Quando contemplo uma poesia - ao seu fim
- minha alma se curva em sinal de reverência
à poética inusitada, singela e bela - pura poesia,
que nasce do espírito do poeta da antiguidade -
enquanto aprendiz, me debruço em seus versos
tecidos no baú da sua sabedoria e conhecimento.
É como se um mar de luz abrisse suas portas
para o mergulhar frenesi em ondas de águas azuis
e o repousar sereno nas folhas da primeira página,
de um livro da vida que me carrega em seu ventre.
É no vagar das palavras que traçamos caminhos
e encontramos a claridade para a consciência...
porque o sonhar é o rascunho dos loucos...
fúria, sossego e refúgio do silêncio da alma
que poder falar jamais tínhamos imaginado...
E o nada que somos nos é dado por inteiro
quando não acreditamos ser alguém em algum lugar.
E mesmo que fossemos algo em lugar nenhum
seríamos mais do que só o risco de um pensamento...
Não é o barulho do árduo trabalho de lapidação,
que esconderá a pureza da pedra encontrada.
Só lhe dará mais beleza, forma, valor e perfeição...
Mas, a inspiração é a emoção do momento...
É quando a lágrima desce molhando o papel
e a poesia se escreve sobre um rumo incerto...
a alma se desenhando, sem necessitar de mãos...
pois a razão não precisa dos meus sentimentos.