Da Bigorna às Plumas
Largar a bigorna, para abraçar as plumas,
Na forja da alma, forjar novo ser,
Diluir as sombras, romper as brumas,
Em busca do renovo que há de florescer.
A bigorna, pesada e implacável,
Forjou o fardo de tempos idos,
Nas marteladas da vida impecável,
Deixou cicatrizes em cada gemido.
Mas eis que o cansaço, como mestre sábio,
Sussurra que é hora de mudar o enredo,
E nas mãos outrora calejadas, amálgama diáfano,
As plumas, agora, dançam no dedo.
Que o passado seja o alicerce sólido,
E o futuro, um horizonte em ascensão,
Largar a bigorna é, no âmago, intrépido,
Um ato de amor, de libertação.
Do pesado ao leve, da dor à alegria,
Como o sol que surge após noite escura,
Na dança das plumas, a alma se alivia,
E o ser renasce em nova tessitura.
Abraça, então, as plumas suaves e etéreas,
Deixa o passado na oficina do tempo,
A bigorna cede espaço às primaveras,
E o homem ergue-se, em busca do alento.
Largar a bigorna é abrir as asas,
Voa homem, na brisa do amanhecer,
Deixa para trás as mágoas em suas casas,
E abraça a vida, como um novo ser.
Das plumas, tecerás um manto de sonhos,
De cores vivas, em tela vibrante,
Nas asas do desejo, os desenganos,
Serás o arauto da mudança constante.
Assim, na metamorfose das escolhas,
Da bigorna às plumas, o homem transformado,
Reinventa-se nas cores que se encolham,
Em um novo horizonte, em cada passo dado.