Da Bigorna às Plumas

Largar a bigorna, para abraçar as plumas,

Na forja da alma, forjar novo ser,

Diluir as sombras, romper as brumas,

Em busca do renovo que há de florescer.

A bigorna, pesada e implacável,

Forjou o fardo de tempos idos,

Nas marteladas da vida impecável,

Deixou cicatrizes em cada gemido.

Mas eis que o cansaço, como mestre sábio,

Sussurra que é hora de mudar o enredo,

E nas mãos outrora calejadas, amálgama diáfano,

As plumas, agora, dançam no dedo.

Que o passado seja o alicerce sólido,

E o futuro, um horizonte em ascensão,

Largar a bigorna é, no âmago, intrépido,

Um ato de amor, de libertação.

Do pesado ao leve, da dor à alegria,

Como o sol que surge após noite escura,

Na dança das plumas, a alma se alivia,

E o ser renasce em nova tessitura.

Abraça, então, as plumas suaves e etéreas,

Deixa o passado na oficina do tempo,

A bigorna cede espaço às primaveras,

E o homem ergue-se, em busca do alento.

Largar a bigorna é abrir as asas,

Voa homem, na brisa do amanhecer,

Deixa para trás as mágoas em suas casas,

E abraça a vida, como um novo ser.

Das plumas, tecerás um manto de sonhos,

De cores vivas, em tela vibrante,

Nas asas do desejo, os desenganos,

Serás o arauto da mudança constante.

Assim, na metamorfose das escolhas,

Da bigorna às plumas, o homem transformado,

Reinventa-se nas cores que se encolham,

Em um novo horizonte, em cada passo dado.

Bernardo Reis
Enviado por Bernardo Reis em 15/08/2023
Código do texto: T7862211
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