caverna de fauno

Filamentos moradia, semblante nas águas tépidas,

Eclíptico e desvelado, olhar sensível se transmuta,

Ondulação timorata das correntes que avançam,

Palpita no seio, memória etérea e inexprimível.

Brota planta aquática em chão árido e seco,

Nas águas me atiro, diviso tua presença,

Desvelados abraços, gestos retidos,

Sensação fugaz, ser que ressoa, fluidez.

Desperto, asas de aço flagelam sem piedade,

Cômodo limitado, peso oprimindo e guiando,

Força enigmática ressoa, melodia da verdade,

Sabor amargo insinua, essência da agonia.

Fome atávica ressurge, voraz e serena,

Dor latente, o oceano se coagula em gota,

Pesadelos me envolvem, teia traiçoeira e plena,

Outra noite desabrocha, teia de sonhos flutuantes.

No acordar, caminhos entrecruzam e se esvaem,

Labirinto de tramas entrelaçadas, enigma preciso,

Almas convergem, destinos entrelaçados e difusos,

Em múltiplos pesadelos, nosso lar ergue-se no indistinto.

Assim, entre teias de sonhos lúgubres e translúcidos,

Nossa habitação se edifica, densa e etérea,

No âmago dos pesadelos, somos forjados e intrincados,

Domínio da psique, onde o ser é infindável e imprescindível.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 14/08/2023
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