corpo na memoria

Esse corpo repousa na memória,

Os lençóis abraçam suavemente o contorno das costas.

Ainda dorme, o vento adormeceu,

Seu passado repousa nesse corpo, que, ao dormir,

É uma insolência frenética naquele que o guardou,

Não só na carne, mas nas linhas do pensamento.

Dizem que nada disso é verdade,

Mas eu sei, construo uma vida inteira de amor,

Apenas um ponto, porém, este que cutuca o peito,

Não é um ponto que se desfaz em nossa febre,

E mesmo que a multidão alegue que o mar não recua

Quando a fome aperta, não sou eu que repetirei a mesma história.

Antes de você nascer para mim, outros já esculpiram

Sua essência, encontrando-a em alguma mesa,

Onde um café foi servido, biscoitos foram apreciados,

Tudo exaltando sua timidez, o beijo, a dança da língua,

Desviando o pensamento, o despertar das glândulas do amor,

Sim, também foi amada, assim como eu, que de longe,

Aceito a memória como uma pedra revestida de alento fresco,

Seu lábio inadvertido, parecia sair de casa, e, contra

O fluxo dos desejos, vagar por portas desafortunadas,

Onde a infelicidade também era compartilhada com aqueles que,

Meus braços buscaram, e enfim, em memória, você descansa,

Enquanto, pasmo, carrego a visão de sua nudez

E as curvas suaves de uma estrada ensolarada.

Não importa se a porta está entreaberta,

Eu amo e preservo seus beijos, seus abraços,

Sua beleza, um tesouro que me dilacera,

E na placidez do repouso de sua imagem, eu me dissolvo.