a sombra na água fera

Dentro do rio, entre suas margens,

Preso ao leito lamacento e cinza,

Emerge um reflexo, imagem distorcida,

Resvalando na superfície, quase irreconhecível.

Apegada ao chão de pedra, memória esculpida,

Uma marca indelével no trajeto do tempo,

O rio segue seu curso, implacável e calmo,

Enquanto a imagem perdura, teimosa e forte.

No estreito da lembrança, como uma sombra persistente,

O reflexo enfrenta as correntezas agitadas,

A água fera, turbulenta em sua dança,

Mas a imagem resiste, em sua quietude, aguarda.