se amo a pedra

Se amo a pedra,

a pedra é pedra,

nada mais que pedra.

Nela, meu amor é só pedra,

meu olhar é pedra,

pedra é pedra, nada mais.

Banho a pedra de alegria e tristeza,

ela não sente, não sabe o que é isso.

Meus sonhos? Fantasias minhas!

E as mentiras? Elas nem pedra são.

Dizem que vi a pedra, entendi,

mas o que entendi se é só pedra?

Furar o fato de ser pedra, é ilusão,

a pedra é pedra, não mais que pedra.

Ela, coitada, não pede perdão,

não é culpada, é só pedra.

Lembrar uma pedra é fácil,

sou eu quem lhe dá poesia, graça.

Agora, a pedra é só pedra,

como sempre foi, como será.

A pedra é pedra, apenas pedra.

Não importa o que eu diga, afinal,

ela, somente ela, é pedra, nada mais.

Se a pedra é o que vejo,

Por que insistir em enxergar mais?

Amores e sonhos, mera ilusão,

Nada na pedra pode trazer tais sinais.

Minha mão toca a superfície gélida,

Ela não responde, não há magia oculta,

Nenhum segredo, nenhum eco,

Apenas a solidez da matéria, nua e indulta.

Dizem que a pedra guarda enigmas,

Mas é um mistério de sua própria natureza,

Não há passagens secretas, portais escondidos,

Apenas a dureza fria, sem sutileza.

Ela não pede perdão, nem possui razão,

Não é um ser, nem tem existência viva,

A poesia que lhe dou é mera invenção,

A pedra é só pedra, matéria primitiva.

Assim, na encruzilhada entre a poesia e o real,

A pedra permanece, indiferente e fria,

Recebendo o toque do sonhador e do analista,

Enquanto ambos buscam um significado que desafia.