as duas liras do coração
Anelaste o dia em sua plenitude,
E o possuíste, oh anelado do luminoso!
Buscaste o sol radiante e a carícia do horizonte,
Teus dedos tocaram o êxtase, oh buscador incansável!
Alvoradas rutilantes, transbordantes de alegria...
Tiveste o sonho, sim,
No qual despertavas como aurora,
Porém, tua vigília real nunca se materializou.
Após, no sonho noturno,
A noite te envolveu com suas asas sombrias,
Uma noite nefasta, encharcada de eras esquecidas,
De ecos funéreos e ninfas enlutadas,
Uivos ecoando por abismos insondáveis,
Camélias dilaceradas, véus de morte...
Mas mesmo assim, teu despertar foi negado.
No intricado tecido de tua existência,
Dois sonhos se entrelaçam com nós profundos,
Duas facetas da solidão singular:
Afogamento e sufocamento, asfixia do ser,
Ou um rio tranquilo, de calmaria infinita.
Forjarás um reino novo e misterioso,
Onde teu gesto seguirá a mesma partitura do coração,
Navegando pelas abissais profundezas da vida.
E então, o sonho do dia reluzirá como diamante,
Resplandecente em sua majestade solar,
Enquanto o sonho noturno, mais sombrio e sinistro,
Se enraizará em teu âmago, abraçando teus medos mais íntimos.
Oh, viajante dos sonhos! Em teu labirinto interior,
Tecerás os fios do destino, dançando na dualidade,
Buscando a verdade oculta que se entrelaça,
Entre os cantos celestiais e os abismos de obscuridade.