A Epístola
Quando acordei\
Num lar/
Meus pais me disseram\
Aqui, a lei é amar/
Me botei a caminhar\
Quando acordei /
Já na escola/
Me venderam a ideia/
De várias batalhas gloriosas e contos popular\
E que pra resolver qualquer mazela social/
Deveríamos ter estudos/
Quando acordei nessa vida/
Me disseram que eu era um ser político/
Que eu era civilizado\
Que assim poderia mundo mudar/
Na solidão dos meus passos/
Durante muito tempo/
Assim como você/
Me perguntei o que vim realmente fazer/
Sem resposta, a principio/
Seguir na rua com dúvidas/
Me atirei na urbanidade\
Conheci mulheres\
Vivi da noite\
Bebi à custa tua/
Me encharcando de sexo/
Me enchendo de metais/
Sem nexos/
Até ler um livro /
Que como meu amigo\
Veio me dizer/
Que tudo não se resume a prazer/
Que estamos caminhando pro fim/
E ouvindo do silêncio sem muito a dizer/
Comparei o conhecer\
Ouvindo e vendo do lado dos muros/
Senhoras e senhores/
Representantes do povo/
Quinquilharem o que tinham de ser/
Forjando papéis/
Encaminhando parecer\
Pra ter uma garantia vindoura no poder\
Vi pessoas e pessoas/
Muitos aproveitadores\
Sempre buscando ser melhores/
Pra o bem de uns poucos atores/
Onde mantinham cartéis/
Pra na sociedade atual terem o controle dos alugueis/
Como transeunte no meio do povo/
Aos poucos abri os olhos e vi tanta gente nua/
Sob a miséria absoluta/
Sob um controle e muitas vezes sem culpa\
Anos após anos/
Sem perceber que tudo se repetia/
Após caminhar arduamente/
Nesse sistema/
De lágrimas, coisas e cuias/
Só tive um olhar/
O que conhecemos nunca irá mudar/
Porque o mundo e seus senhores\
Noite e dia vendem ou acordam o que tem pra multiplicar\
Mas lendo o livro\
Pude compreender \
Que só o amor pode transformar/
É a saída desse mar de lama/
Mas quem está disposto a se sacrificar/
Seu posto, seu gosto, seu entendimento como lar\
O caos iminente/
A todo instante macula a gente/
Mas o ignorante, com medo da mudança, só faz negar/
Pela consumo doente/
Pelo poder aparente\
Pelos prazeres da carne\
Tanta fome e mazelas sem cura/
Em volta de uma razão impura/
Quando eu voltar a dormir/
Nada irei lembrar /
Mas li também, que a dor não mais existirá/
Porque o amor será/
A única lei a vigorar /
Quem não sabe, aprenderá/
Quem deu de si, viverá/
Os erros não cabe a mim julgar/
Porque todos que aqui passarem/
No devido tempo/
Serão chamados a justiça divina/
Eu me arrependo/
Só me arrependo/
De muito antes, não te escutar/
Porque o meu coração/
Cheio das coisas do mundo/
Não conseguiu deixar a arrogância/
E te ouvir falar\
Mas pra quem ainda existe/
O tempo é de se resignar/
Nada vale mais aqui em baixo/
Do que tirar do seu trabalho/
O suor pra beber, comer e alimentar sua prole/
Pois todos os dias diz, o tempo/
Diz o vento/
É só observar, quando a morte/
Um dos nossos tormentos/
Vem nos visitar\
Nos fala silenciosamente aos ouvidos/
Que tudo é vaidade/
E como o mundo, vai passar\
Pra quem ainda existe/
Sobre o pó dessa terra\
O tempo\
Esse nosso tempo, é de acreditar/
Porque o fim/
Como disse no livro\
O meu único amigo/
Que anda por ai esquecido\
Em tantos cantos, em muitos lares/
O tempo, no seu tempo/
Sem demora virar cobrar/
As nossas horas\