Ancas

E as lembranças se sacodem,

Caem da cama onde tudo

É só vácuo e silêncio, nada.

Embaraçosa, essa hora,

Não respiro por vontade,

A vida acorda em gestação.

O menino varre a terra,

Com cabelo de ouro, saltos imortais,

Soletra a estrada azul.

Muros desfalecem na vertigem,

Do amor que floresce,

Escrito na cicatriz da existência.

Tudo é vento, palavras sussurradas,

Remo na água borbulhante,

Meninas escrevem poemas de amores.

Amo-as de todo coração,

Suspenso no andaime de espera,

Merecem o aroma que acalma.

Tardes tranquilizam, dia balança,

Marés sobem dançantes,

Celebrando distância com encanto.

Luas do coração são celebrações,

De um tempo vivo, de florestas,

Que conhecem segredos do mundo.

Escurecem mais cedo que os dias,

Pedrinhas sao constelações,

Galáxias escritas na verdade mítica.

Desses amores, dói tê-los ainda,

Briga pelo rosto que alcança,

Meus olhos carrega tua anca cheia de violência