Sou um poema
Inacabado
Jogado ao vento
Um desalento...
Perdido, sem tino,
Ao frio,
Encolhido num canto
Ja sem encanto
Devidamente escondido
Da luz, Reluzente
E propício. ..
Um arrebol sem fim.
Tecido a sangue.
Porque fui uma
Tristeza pungente,
Soturna...
Descabido de alegria,
Maravilha...
Surgi de uma lágrima
Vertida.
Mãos trêmulas me
Criaram, parida...
E porque nao fui
Criança, sem
Nenhuma aliança,
Não me ergui, nem
Brotei...
Sina minha.
Numa folha qualquer
Deitada e sofrida,
Ainda resisto.
Palavra jogada,
Uma vez só.
É o bastante para
Se criar poesia.
Inacabado poema,
Sem força, mas
Com um laço eterno
Do destino.