quando poema acorda

dentro e fundo, na surdez barulhenta do silêncio,

As formas se tornam fogo, ferro, e o ferreiro malha

A matéria impura, o pus cristalizado, brasa ensandecida

Perdendo a memória, o dragão do invisível,

vaza na violência mais sagrada,

Um mundo implode e algo que sempre sobrevive se abrevia

na coisa que desaba,

mover-se ou gritar, duas formas de nada impedir, o piso

trincado não ouve os gritos de um mundo moribundo e nem

a velocidade de algo que já não serve, de uma velho istmo

de terra que é mais quarto escuro que sala iluminada,

vozes, vulto, a insanidade das mãos, a bruta violência do chão iludido, e os prisioneiros, o medo, o sempre estridente receio da queda, enterro e sua fanfarra desgovernada, e tem essa mulher que me confunde, que teima que essa vida ainda existe, e foi minha cabeça que perdeu as nadadeiras,

sento numa pedra, a solidão é feroz, embaixo do nariz uma flor muda e escoriada soletra a mesma fome que a fez bela, já não sinto meus pés, o alfabeto perfila no despenhadeiro, não são palavras, é o sangue que pulsa na sombra de uma vida, que agora é vertigem, noite escura, floresta de névoa que vomita nas paredes desse sonho, um cantiga que com esforço

acende as lamparinas, e as coxas das estrelas escuta que um homem não

sabe mais que a coisa morta, que a carne vencida, e que a cidade nada entre diversas eras não catalogadas, e finalmente sobe, no frêmito de sobrevivência a água que é digerida pelas palavras, a onda que invade a terra e nos lembra do mar e das profundezas, onde muitas ogivas não foram explodida e nelas outras portas são ancoradas e abertas para outros esconderijos, que agora está á céu aberto e suas crianças indo para a escola aprende a escrever no caderno que a mãe lhe deu quando saiu de casa.