Aquele gato

Gosto daquela elegância e ternura felina

Uma postura perante a vida que até me ensina

Aquela pacatez dormente que só de ver dá felicidade

Uma preguiça de olhos atentos a qualquer curiosidade

Gosto quando se espreguiça numa sonolenta agilidade

A pelagem que se eriça sedenta da sua vontade

Aquele feitio de uma liberdade docemente irreverente

O ronronar na nossa pele como chamamento carente

Gosto da sua personalidade vincada e até arisca

De que sabe o que quer na verdade e parte por aí à conquista

De quem enfrenta o perigo e simultaneamente joga à defesa

Uma espécie de caçador e eu talvez seja a sua presa

Gosto daqueles olhos de amor com a clareza misteriosa de labirinto

Aquele charme sedutor que me prende pela sua natureza, não minto!

Luísa Rafael

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Porto, Portugal