Metrópoles, um ambiente inadequado a vida humana
Pega ladrão
Pega ladrão
Sem opção, fui obrigado, pelas circunstâncias do local, a escutar aquele desagradavel grito: pega ladrão, pega ladrão
Levaram a alma de alguém como leito de uti,
Penetrou em mim como um punhal de zinco, já ensanguentado pelo primeiro golpe no alguém alheio
No meio da multidão desconfortavelmente cada um, andando em passos largos, em descompasso, como alguém em um personagem de filme de horror, exibido num cinema decadente, de terceira classe.
Eis a vida nua e crua massacrado o carmim e o natural de cada um, nas grandes metrópoles a cada intercalação do sol com a lua,
A cada quarteirão uma cena de horror, uma desagradavel e massacrante vida alheia sendo interrompida sem dó nem piedade.
Ninguém tem voz, ninguem escuta o gritar de socorro,
Ninguém suporta ano após ano tanta insignificância sendo expostas nos varais de cada esquina.
Assim como roupas penduradas, pessoas também penduradas em arames farpados, armadas para delimitar espaços privados, pele rasgada, esperança escorrendo no ralo de ilusão ao ápice da loucura coletiva, borradas com um vermelho carmim escorrendo pela boca que clama e reclama,
Insensivelmente seus governantes tornam seus ouvidos e o fazem de mercadores.
Eis a morte nas metrópoles
Sem palavras, sem sentimento, sem cor, sem sorrisos, sem abraços, sem bom dia,
Apenas se morre!