Psicografite
Parece que havia setembro naquela temporada…
Sei que era época pertinente a flores.
O passario comandava a copa das árvores,
Entonces escorriam palavras dos meus grafites,
E tudo se acomodava àquelas linhas...
Centos de animais alados bichavam as frutas,
Cigarras trincavam seus vidros na imensidão das matas…
O borbulhar da sinfonia ecoava nas águas pardas do sinuoso Paraguai.
Cumplicidade absoluta de bichos e águas, de árvores e bichos,
Tudo arquitetava poesia naqueles ermos…
E lá estava o grafite incorporando palavras,
Dialogando o idioma dos seres mateiros,
Psicografitando os espíritos do Pantanal,
Disfarçando-se a poemas…
É assim a alma escorrida naqueles rincões,
Elas só incorporam quem tem parte com palavras…
Quem não tem, parte…
E deixa as linhas vazias de poemas,
Orfãs escorreitas em meio a tanta maternidade…