Psicografite

Parece que havia setembro naquela temporada…

Sei que era época pertinente a flores.

O passario comandava a copa das árvores,

Entonces escorriam palavras dos meus grafites,

E tudo se acomodava àquelas linhas...

Centos de animais alados bichavam as frutas,

Cigarras trincavam seus vidros na imensidão das matas…

O borbulhar da sinfonia ecoava nas águas pardas do sinuoso Paraguai.

Cumplicidade absoluta de bichos e águas, de árvores e bichos,

Tudo arquitetava poesia naqueles ermos…

E lá estava o grafite incorporando palavras,

Dialogando o idioma dos seres mateiros,

Psicografitando os espíritos do Pantanal,

Disfarçando-se a poemas…

É assim a alma escorrida naqueles rincões,

Elas só incorporam quem tem parte com palavras…

Quem não tem, parte…

E deixa as linhas vazias de poemas,

Orfãs escorreitas em meio a tanta maternidade…

Luís Carlos Freire
Enviado por Luís Carlos Freire em 07/08/2023
Código do texto: T7855513
Classificação de conteúdo: seguro