Ruínas em construção
Eram épocas de vivas e glórias,
em que permeava no ar
o odor caramelo das maçãs do amor.
Toda vida preenchia o material e ali se encerrava.
Toda certeza tinha seu altar
e seu quarto de veneração.
Os heróis estavam imunes e altivos.
Hoje, só o que me resta de concreto
são as ruínas de um antigo palácio de festas.
Onde a Lua, quando não invade totalmente,
salpica o chão de estrelas,
e as poucas paredes que se aguentam
estão recheadas de frestas e buracos;
isso é só a ação do tempo,
quebrando as linhas retas.
As revoluções acumulando
suas ações na história.
E a natureza mostrando sua resiliência
frente ao que é simples artifício.
E assim seguem as minhas ruínas,
em permanente construção...