ecos
lembranças que ecoam
reverberando no presente
criando revoluções peito adentro
devorando milímetro a milímetro
forjando abismos
e traçando pontes intransponíveis
reconstruir, dia a dia
coisas que me foram roubadas
só me restando a sensação distante
de que um dia as possuí
e reconstruir a todo instante
as coisas que eu mesma me roubei
permitir que as lembranças passem
sem que eu seja tocada por elas
e buscar tocar o mundo
— ser tocada de volta
abrir caminhos a força
— caso não se abram sozinhos
rasgar-me e revirar-me
remexer nas entranhas, veios e órgãos
na busca pelo fôlego da vida
para ser capaz de criar memórias que moldam
não apenas lembranças que ecoam