Sete
Sete, como são sete os pecados
Sete nomes do passado
Que se fala e se repete
Entre os sonhos não listados
E um murmuro alucinado
Mais um dia e outros sete
Sete, como são sete dias das semanas
Sete chaves de uma cabana
Trancada por um bilhete
Um adeus dito com palavras tiranas
E raiva do coração de porcelana
Mais uma queda e outras sete
Sete, como são sete arcanjos e virtudes
Sete pares de mãos pela saúde
Rezando que não fique inerte
Sob o crivo dos momentos mais rudes
E torturando a si tão amiúde
Mais um sonho e outros sete
Sete, como são sete artes sagradas
Sete de quem não tem mais nada
E se apega a qualquer manchete
Passagem contando as madrugadas
E no túnel nenhuma rota iluminada
Mais uma noite e outras sete
Sete, como são sete ancestrais linhas
Sete estrelas de uma terra vizinha
Além do horizonte em que reflete
À espera do mar arrastar almas sozinhas
Para repousar ao colo da bela rainha
Mais um choro e outros sete
Sete, como são sete notas musicais
Setes anos para mudar afinal
Mesmo assim precisa do intérprete
Para entender todos os sinais
E numa música se sentir real
Mais uma dança e outras sete
Sete, como em sete as perfeições
Sete dias sob minha constelação
O dia em que tudo se remete
Ao vento através das minhas criações
E outra vez o destino na minha mão
Mais um ano e outros sete