Olho-te bem devagar,
Olho-te bem devagar,
Invado tua privacidade com o olhar.
Há sempre uma verdade a ser descoberta,
uma porta fechada, uma janela entreaberta,
uma luz apagada e um brilho pela fresta.
Preciso desvendar detalhes,
essências que de ti me falem,
tocar os teus limites
e até onde me concedas
desbravar o que omites,
o que não deixas transparecer
Trocarmos olhares,
nos permitirmos ver,
Tatear o que me escondes,
preencher as tuas pausas,
compreender as tuas causas,
ver-te perfeito entre os amores,
aceitar teu modo de ser,
Calar-me junto contigo
se assim se fizer preciso
e no silêncio da resposta
descobrir o que sentes,
e o que sinto...
E por mais alto que se encontre
tua velada inquietude
e meus braços não puderem alcançar,
minha alma alcançará
ao olhar-te bem devagar
em tua magnitude.
Antonio Pizarro