Desencanto

Desvendar enigmas por hábito

Habitar cantos que desencantam

Cantar dissabores por gosto

Gostar do que os prantos ocultam.

Acolher as faltas que pousam

Pousar nas aspas do instante

Constar no espaço o comprido

Do olhar que vislumbra adiante.

Ouvir nãos com mais leveza

Levar o que se tem à mesa

E amar com o que não se tem,

Confiando o destino à reza.

Distrair como quem se entrega

Entregar como quem expande

Pois até no encolher é grande

Quem dos fardos se desapega.

A água das mágoas escoa

No fluir onde o mar deságua.

Livre do peso, sou flutuar —

Léguas aléns: paz que ecoa.

pedro toscan
Enviado por pedro toscan em 02/08/2023
Reeditado em 20/09/2023
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