SILÊNCIO III
Eu me calo.
E, no entanto,
é quando mais falo.
Digo para dentro,
do meu espanto,
na minh’alma resvalo.
Barulho...tanto!
Cá fora de mim,
há muito pranto,
nenhum acalanto...
Mas, ainda assim,
eu amo. E canto.
O dito não dito,
internalizado,
traduz o não-grito.
O só imaginado
abarca o infinito
no coração inscrito.
Por tanta coisa
e nenhuma,
o meu silêncio se faz.
Como a pluma
leve ele poisa
na desejada paz.