Buraco

Acordei nos braços de uma mulher

pensando em outra.

Ah, o horror.

Sensação de desconexão da realidade.

de que perdi minha razão

em algum lugar.

A mulher sorri,

o marido estava longe,

e ela tinha encontrado algum prazer,

finalmente.

Era a culpa, talvez

que lhe arrancava os gemidos,

e não eu.

Mas enfim,

eu pensava em correr no banheiro

e desaparecer

ralo a fundo,

gritando meus impropérios

encanamento abaixo.

Mas eu estava preso,

e continuaria a estar,

com as cordas que teci

ao meu redor,

por ainda acreditar...

um dia eu escapo,

e talvez volte pra mim mesmo,

antes do fim.

Mas eu quero que você saiba,

que eu não vou voltar

daquele jeito.

como o cara

que costumava te esperar,

e procurar sinais

entre as estrelas,

de que chegaríamos

a algum lugar,

no fim da noite.

Há sempre alguém,

no fim da linha,

na última cadeira,

do último bar,

E lá que eu vou estar,

sempre a procura,

de um ombro,

de um seio,

um buraco,

ou algum vazio

para me enfiar.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 31/07/2023
Código do texto: T7850398
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