PAPEL BRILHANTE

A foto de vó quando nova

É a prova

De que nem tudo é ruga

De que nem tudo é briga

Vó se foi, sábia e sólida tartaruga,

Livre da coisa antiga

A foto de pai quando moço

É o endosso

De que não há futuro

De que não há respiro

Para quem só quer pra si o muro

Para se esconder até o último suspiro

Quero o sol no meu retrato

Nem que seja um simples 3x4

Para que não haja treva

Para que não haja chuva

No caminho daqueles que meu coração leva

Em colo quente de veludo e mãos de luva.