MEU GATO...

NEGRINHO

Faz alguns meses que apareceu em minha porta um gato adulto. Morto de fome foi se chegando e comia qualquer coisa que caísse no chão ou lhe fosse dado. No inicio era comida humana para um gato, mas como ele parecia não querer ir embora comprei ração. Ele se deliciava e passou a rejeitar qualquer comida que lhe fosse dada, só comendo ração. As comidas humanas deixava para os outros gatos que tentavam entrar no quintal, gatos vadios – pobres gatos – pensava.

O tempo foi passando e ele não foi mais embora. Pouco a pouco foi entrando em casa e às vezes até nos faz uma massagem, como recompensa.

Não tinha nome e gerou impasse na escolha de um, até que eu, que gosto muito de contrapontos pensei “ele é tão querido e amoroso” e, antigamente, quando as pessoas eram queridas e amorosas vovó dizia “vem cá negrinho”, o que me fez pensar de novo por que não chama-lo assim... porém, meu gato era branco. Se você chamar hoje uma pessoa de “negrinho” soa como preconceituoso. Mas danem-se os outros. Acho ser perfeito pra ele.

Passado o drama do nome fui na agropecuária e comprei uma casinha pra ele. Vocês não acreditam que faz mais de um mês e ele não entrou na casinha. Ingrato! Eu querendo uma casa própria e ele com uma casa gratuita e não mora nela. Acho que é o ranço de morar na rua. Todas as noites some.

Todo dia às cinco da manhã ele já está na porta esperando ração. Há dias que ouço ele “discutindo” com os gatos de rua. Alguns, ele não deixa entrar no quintal. No entanto tem uma gata amarela que ele disfarça, mas deixa sempre um restinho de ração pra ela.

Semana passada ele apareceu em casa com arranhões na cara e sangue nos olhos. Deve ter brigado com os tais gatos que circulam pela vizinhança.

Eu viajei, mas sempre que há necessidade vejo-o pelo celular. Sinto saudades do meu gato.

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30.07.23

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 30/07/2023
Código do texto: T7849803
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