ESCALADA
ESCALADA
Dias mais longos
Horizontes cada vez mais curtos
Será que há finitude
Ou há um infinito no pós
Amigos e referências partem
Apenas lembranças ficam
Martelando no sonhar acordado
Olhando pela janela
Estudantes que passam
No sempre alarido juvenil
Trazendo momentos idos
De bolas de meia a latidos
Do vira-latas jamais esquecido
Dos cines do bairro
Recheados de mocinhos e bandidos
Dos primeiros olhares
Do cupido ainda inocente
Pensando já ser gente
Passando tempo sem cansaço
Corpo em brasa e aço
O deitar sem fracasso
Sonhando entre abraços
Com amores em traços
Inundando em amassos
A menina de fitas e laços
E os dias correndo
E a correria do dia a dia
Aos poucos corroendo
Toda essa arrelia
Trazendo a responsa
O abandono da cabeça sonsa
A insuperável realidade
Jogando na cara a verdade
Do fim das ilusões
E a vida na janela
Já não se mostra bela
Mostra saudade
Do tempo de majestade
Cujo reinado deposto
Teima a contragosto
Mostrar o fim
Cada vez mais a vista
Perdendo de vista
Tempos de glórias
Agora só
Tempo de memórias