Não digas nada
Não digas nada
Apenas cala
Apenas sente
Deixa fluir
O que a alma fala
Num silêncio
Tão intenso
Que não mente
E embala
Deixa o peito
Abrir
Como cálice de flor
De entrelaçada raiz
À luz do amanhecer
De brilho
Feliz
Deixa o amor
Vencer
No leito
De beijos febris
No trilho
Do suor
Da tua pele
Na minha
Nua
Num brinde
Ao prazer
Como quem caminha
À toa
Sem nada
Perder
Deixa o lençol
Do desejo
Florir
Ao sol
Da madrugada
Antes que o amor
Finde
Que o lume
Se esfume
E se acabe
Lentamente
Em plena liberdade
Vagarosamente
Beija com emoção
O perfume
Do meu corpo
Que sucumbe
Ao teu
E que voa
Nas asas da paixão
Para que a partida
Não doa
E agora
Que o olhar vagueia
E o corpo descansa
Na alma despida
Fico assim
Em mim
Nesta dança
Nua
Quente
Que a mente
Continua!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal