Uma mulher
No porão
da casa
havia um porém...
E a mulher
caminhava
de braços cruzados
pra lá e pra cá...
Uma única porta
era a saída...
E a mulher
sentava
de pernas cruzadas
pra cá e pra lá...
Às vezes pensava
com o plexo,
outras com a razão,
outras com o sexo.
E deitada
de pernas cruzadas
refletia
pra lá e pra cá...
Trabalhava
e sofria
Mas ao mesmo tempo,
sorria e vivia
E a porta do porão
balançava
pra lá e pra cá...
Porém um dia,
surgiu insistente
o Ser mulher!
Já não havia
mais porão,
nem porém...
Era uma Caverna...
Rasgou o tempo,
espaço
e os passos.
Sofreu de cansaço
e de medo.
Mas prosseguiu.
Foi Eva
Foi Amélia
Rainha do Lar
Deusa da minha rua.
E andava
no corredor da casa
pra cá e pra lá...
Estava cansada.
Um dia sonhou
outro dia amou
na manhã seguinte,
morreu.
No Porão
daquela casa
havia uma porta
e dentro dela
uma morta.
Lá,bem longe,
uma música sutil...
Sublime melodia
de uma mulher feliz.
Liberta do seu corpo
de seu copo
e de seu todo!
Nos braços cruzados
de um homem sério
vi a vida da mulher passar...
Dentro de suas
mãos fechadas
estava o porém.