Cinzas do viver

Eu já fiz tempestade em copo da água,

madrugada em plena luz do meu dia,

fui pranto quando era pra ser alegria,

gratidão disfarçando de uma mágoa.

Fui partida sem ter dado largada,

lua no sol do lindo meio-dia,

o sol no suspiro da madrugada,

a utopia de uma melancolia.

Fui a liberdade de um ser condenado

e a certeza num grito de rebeldia,

fui a esperança de um coração machucado

e o sorriso da criança que dormia.

Fui a bailarina na queda de uma folha no outono,

a trajetória do cometa em disparada,

o descanso de uma boa noite de sono,

e a paz de uma conta encerrada.

Fui um ser sem jamais saber quem era,

fiz da lágrima contida um horror,

inverno tristonho na primavera,

uma vida triste ausente de amor.

Eu fui a audácia do voo livre de um felino,

desafiando a lei da gravidade,

o sonho na cabeça de menino,

que traz consigo muita curiosidade.