PARDO

O ser na fronteira da cor

Aquele cujo os pés

Não tocam solo firme

E eles são muitos

Os numerosos seres

De lugar nenhum

É o alvo perfeito

Fazedor de volume

Mero número estatístico

Aquele que um dia foi papel

E hoje é um quase

Não é um nem outro

O ser que se resume

A ser um quase

Pra uns, é útil calado

Pra outros, o é trabalhando

O malfeitor, fraudador

Marginal da cor

O branquinho que quer

Roubar o lugar de fala

O neguinho que acha

Que é branco

A polícia não confunde

A bala não confunde

O metrô não confunde

A enxada não confunde

A nada se funde

e no entanto

O pretume sutil se instala

Na pele do ninguém

Guillherme Sotero
Enviado por Guillherme Sotero em 28/07/2023
Código do texto: T7847771
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