Insano
Eu não vou mudar o meu poema
Para satisfazer os dilemas de A ou B.
Essa gente tacanha e pequena
Que sabe de tudo e que tudo vê
Não enxerga meu verdadeiro problema.
A voz que ecoa em minha cabeça
Tão incessante, não é a da loucura.
Embora ela sempre apareça,
Eu estarei são se numa noite escura
Uma desgraça qualquer aconteça.
Quantas visualizações você precisa ter
Para alimentar sua alma carente
Em quantos corações é preciso verter
Os likes de toda essa gente
Para fluírem o sangue do prazer.
Não preciso atravessar a Rio-Santos
Para chegar ao fim do mundo,
Se ele próprio, como outros tantos
Me solavancam a todo segundo
Na tentativa dos meus prantos.
Você desativou seu visto por último,
Mas esqueceu de se olhar no espelho.
Tem necessidade do seu algoritmo,
Do afago doce de um coração vermelho
Para amenizar a dor do seu íntimo.