TORRE DE BABEL
Queria falar lhes de algo não dito,
Queria que fosse verdade,
E que fosse simples,
Para entendimento,
Que a novidade do dito,
Não sofresse, também,
O ranso da vaidade,
Que lhes chegasse aos ouvidos,
Não como um cântico,
Um coro de mil vozes,
Mas como um sibilo,
Suave canção, sem estribilho,
Que quando ouvisse, não lhe
Sucitasse estranheza,
Mas esclarecimento,
Queria que lhe congelasse
O momento,
Para que seu acontecimento,
Não passasse despercebido,
Mas meus lábios não decifram
Suas línguas,
Não por serem diferentes idiomas,
Mas por terem diferentes motivos.
Presos estamos, inexoravelmente,
A esta torre de babel, confusos,
A querer dizer algo, não dito.