TORRE DE BABEL

 

 

Queria falar lhes de algo não dito,

Queria que fosse verdade,

E que fosse simples,

Para entendimento,

Que a novidade do dito,

Não sofresse, também,

O ranso da vaidade,

Que lhes chegasse aos ouvidos,

Não como um cântico,

Um coro de mil vozes,

Mas como um sibilo,

Suave canção, sem estribilho,

Que quando ouvisse, não lhe

Sucitasse estranheza,

Mas esclarecimento,

Queria que lhe congelasse

O momento,

Para que seu acontecimento,

Não passasse despercebido,

Mas meus lábios não decifram

Suas línguas,

Não por serem diferentes idiomas,

Mas por terem diferentes motivos.

Presos estamos, inexoravelmente,

A esta torre de babel, confusos,

A querer dizer algo, não dito.

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 26/07/2023
Código do texto: T7846505
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