O assassínio do poetar

O pulsar fraco, irregular, cessa aos poucos

Roucos gritos pela vida esvaída

O grupo se desmantela em pedaços

Em meu corpo, sinais do cansaço

Que rechaço e tento em vão levantar

E o poetar, cruel vítima de assassínio

Realça o declínio do poder a governar

E jaz à sorte de aplausos mudos

Contudo, deixou a poesia de Guilherme perecer

Em súbito anoitecer, sem rumo ou direção

Em vão, lacônico, sequer confrontou

Seu algoz, que sobrepujou sua poética voz

Relegando o distanciamento de tuas rimas

Que outrora iluminavam almas

Mas que aos poucos reprimia a sua

Esvanecia como versos apagados

Resquícios não retocados, poesia e morte

Consorte dos poetas de outras vidas

Ode aos que relutam em desistir

Insistir, persistir ante ao desmantelamento

Esquecimento da história

Por esta pútrida escória

Que permanece a governar!

Eduardo Benetti