Ramos Secos

 

Ela, sem piedade, me deixou,

e ainda de maldade perguntou

por quê eu estava triste.

 

Ora, os ramos secos da minha solidão

prendia meu coração

e eu não falava nada;

ninguém me olhava,

sombria era a minha silhueta,

vida de treta,

paixão obsoleta,

brigas, incompreensões,

tensões não medidas,

fracassos, feridas

de uma relação!

 

Nem eu mesmo me enxergava,

senão nas sombras em que me tornei;

o espelho era tortura,

o inferno, a moldura

do meu ser entristecido,

morto,

amorfo,

torto,

todo corpo retorcido,

reflexos da minha alma.

 

Não era eu, não!

Não, eu não era aquela coisa

apática,

sem vida,

distorcida,

morfética,

sem lógica.

 

Não, eu não era aquilo,

era um doido,

um tronco desvalido,

sem folhas, sem flores, sem perfume,

era estrume,

sem valor,

sem estilo,

sombrio,

na desgraça,

opróbrio

na solidão,

por te perder.

 

Crédito da Imagem: Pedro Henrique Montebello