MEMÓRIAS DO CORAÇÃO
Autoria de Regilene Rodrigues Neves
Na vida
Meus erros doem
Fazem-me chorar
Na chuva fina das lembranças...
Aprendê-los me custaram caros sentimentos:
Dignidade... Caráter... Heranças...
Que por vezes deixei de seguir
Por ímpeto de uma matéria voraz de desejos
Aflorados de juventude...
Hoje vejo quantos erros por eles cometi.
Talvez ninguém veja ninguém saiba
Da vergonha da minha alma
Uma cortina de sombras
Vestindo meus dias... Doem à medida do tempo...
Do amadurecimento da alma
Que ao logo dos caminhos fora se atropelando
Em idas sem voltas... Resvalo no arrependimento...
Quem sabe meu crescimento?
Segui o destino do prazer dos meus desejos...
Mas quisera somente me encontrar
Num refugio de amor
Desatino do meu eu...
As pedras feriram os caminhos
Perdi-me da estrada do sol
A luz que sonhei
Apagou-se entre as cinzas da desilusão...
Resta simbólica ilusão
Na utopia desta minha poesia
Que afaga minha solidão
Quando chora meu coração...
Que adianta tudo que aprendi
Se as cicatrizes doem como fagulhas
Ficadas no peito em sôfrega lição
Desse inquieto coração...
Assimilei toda essência
Desta minha desventura... Absorvi
Desses erros toda lágrima
Que em silêncio chorei...
No espelho da vida vejo o tempo
A idade avançada...
Marcas de um presente endurecido
Pelas conseqüências...
O olhar entristecido de quem aprendeu,
Vista do corpo que envelheceu... Amadureceu...
Resgatei minhas lições
Mas o tempo cobrou a juventude
Que levou meus sonhos feitos de amor...
Agora sou o vinho de um sabor suave
Cuja idade a safra carrega no rótulo
Um prazer fugaz... O futuro se embriaga
Da colheita de um ceifeiro do amor...
Que no passado plantou sua dor...
Traduz o poeta
A face do amor
Que efêmero o beijou
Em doce juventude
Restos de lembranças
Guardados no frasco da saudade
De um coração sem destino
Aprendiz da razão
Feita de sábia lição
Escrita nas memórias do coração...
Em 18 de dezembro de 2007