ACASO E DESTINO COMUM

Sobre todas as coisas

que não quiz para mim,

que não fui capaz de fazer,

ou das quais apenas desisti e esqueci,

há de ficar sempre uma dúvida:

Afinal, quanto de mim se perdeu

através de tudo aquilo que nunca aconteceu?

Quantos de mim eu deixei de ser sem saber

para me tornar quem ficou sendo eu?

Só sei que nada escolhi, nem decidi.

Tudo foi como restava ser

diante dos arranjos do acaso

e caprichos da sorte

que nunca nos levam

a lugar algum.

O que sei

é que nunca escolhi você.

Nunca optei por nós

e nunca aprendi a ser eu.