Eu tive minhas asas
Partidas...
Contida dor, uníssona.
Um filhete de sangue
Som urgido.
Uma imediata
Metamorfose
De pássaro livre
A rastejante ser na terra.
Um anjo caído.
Eu voei pelo mundo,
Sete mares,
Verdes pastos.
Agora presa a terra
Firme e úmida..
Deitada em um berço
De espinhos...
Da lembrança que tenho
Do vôo,
São os sorrisos, o vento
Beijando a face, a
Liberdade.
Agora, que criei uma raiz,
Nódoa de resquícios,
Surdo som,
Lampejos de felicidades.
Já não enxergo o
Infinito, não vou além.
Presa a um eterno
Poente.
Que não anoitece.
Nem tão pouco a
Alvorada.
Não vejo o espetáculo
Da manhã.
Somente o crepuscular
Pêndulo.
O relógio parado,
A mesma hora,
Uma única dor.
Partidas as asas perdi
Ainda as vontades, os
desejos, o existir...
Forjada, permaneço
inquieta, dentro de um
Vaso craquelado pelo
Tempo.
Existo de fato,
Porém sem asas para
Levantar vôo.
Arrefece os dias, sem
Contar as horas.
Um desatino.
Destino.
UM HAIKAI DE BOM DIA A TODOS OS POETAS DO RECANTO
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