Eu tive minhas asas

Partidas...

Contida dor, uníssona.

Um filhete  de sangue

Som urgido.

Uma imediata 

Metamorfose

De pássaro livre

A rastejante ser na terra.

Um anjo caído. 

Eu voei pelo mundo,

Sete mares,

Verdes pastos.

Agora presa a terra

Firme e úmida..

Deitada em um berço 

De espinhos...

Da lembrança  que tenho

Do vôo, 

São os sorrisos, o vento

Beijando a face,  a

Liberdade.

Agora, que criei uma raiz,

Nódoa  de resquícios, 

Surdo som,

Lampejos de felicidades.

Já não enxergo o 

Infinito, não vou além. 

Presa a um eterno 

Poente.

Que não anoitece.

Nem tão pouco a 

Alvorada.

Não vejo o espetáculo 

Da manhã. 

Somente o crepuscular

Pêndulo. 

O relógio  parado,

A mesma hora,

Uma única dor. 

Partidas as asas perdi

Ainda  as vontades, os

desejos, o existir...

Forjada, permaneço 

inquieta, dentro de um

Vaso craquelado pelo

Tempo.

Existo de fato,

Porém  sem asas para

Levantar vôo. 

Arrefece  os dias, sem 

Contar as horas.

Um desatino.

Destino.

 

 

UM HAIKAI DE BOM DIA A TODOS OS POETAS DO RECANTO

 

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Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 24/07/2023
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