Pequeno tratado de Joãozinho sobre o Amor
Perder alguém que a gente ama
É como pôr aparelho nos dentes.
Nas primeiras semanas dói, dói tanto.
Parece até que não vai parar nunca mais.
Tudo que a gente coloca na boca
Lembra que ainda está ali
Para ferir a gente por dentro.
E meses se vão com as chuvas,
As folhas caem das árvores,
O gás acaba na lamparina,
E dormimos cansados de tudo.
Depois de um depois,
A gente se acostuma ao doer...
Aprendemos a não gostar mais de torradas,
Porque dói.
Nem casquinhas geladas,
Também faz doer.
A gente chega a pensar que se esqueceu.
Mas basta parar um bocadinho,
Sentimos que ainda está lá.
E vai ficar lá por ainda uns quatro anos!
Até que nosso sorriso não precise mais dele.
Perder Silvinha foi isso assim também.
A gente sente e aprende para poder sorrir melhor.