Nascimento!
Num casulo azul,
Num canto escondido.
De um jardim ao sul,
De qualquer memória,
Eternizada na minha história.
Surgi deslizando, de flor em flor.
Uma borboleta multicolor.
Nascida de um casulo azul...
Trazendo toda a emoção,
E as metamorfoses do seu coração,
Num casulo de seda e paixão.
Ansiava pelas seduções.
Enquanto esperava no escuro do seu momento.
O desperta do sol do nascimento
Nos jardim pesquisava então,
Dos desatentos as sensações,
De olhos a mirar tal criatura.
Que por seu porte, retorcido e grotesco no fitar,
Passava despercebido o brilhar,
De seu futuro de asas e cores a flutuar.
De lagarta manhosa, preguiçosa.
Transformada em singela,
Criatura alada, etérea.
Rouba o néctar de flor,
Lépida e fagueira,
Para traduzir em mel seu amor.
Capturando, com suas ínfimas rimas e versos,
O sonhar dos dispersos,
Que olham e não enxergam,
Nos vértices dos versos,
O seu grito de agonia e de dor... no ar!
Aventura seu bailar, para além do luar,
Horizonte desponta o expoente,
Do verbo sonhar, viajar, imaginar!
Sem se preocupar com sua frágil figura,
A borboleta nos ares a buscar continua,
O seu perpetuar de flor em flor,
O pólen dos sentimentos.
O seu amor escondido num tempo,
Sem exatamente saber em que momento,
Se lagarta ou borboleta,
Apenas a lembrança a atormenta.
De uma tarde cinzenta,
Que um olhar mais suave,
Transformou em saudade!
E voou, livre e solta,
A toa...
Transportando no seu bailar,
No renascer do gesto a fé.
De lagarta virou borboleta,
De menina virou mulher!