MIGALHAS

MIGALHAS

Olhar perdido no outro lado da mesa

O silêncio é presente desde o passado

Bocas mastigam sabores fisiológicos

Barrigas cheias cabeças vazias

Migalhas abundam a mesa

De carinhos que não se mostram

Refrescos aguados molham bocas

Caladas de sentimentos

Açucares sem doçura

Regam a sobremesa amarga

São tempos de desesperança

Apenas respira-se sem viver

Compromissos de amor são adiados

A tempo nenhum

Encerra-se o degustar sem gosto

Levantam-se para as obrigações

Vão-se sem mudanças

Apenas realidades antigas

Até o nunca mais

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 23/07/2023
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