PRELÚDIO PARA O TEMPO DE GUERRA
A paz é uma costura entre guerras,
uma fissura nas respostas de Deus.
O funeral interrompido por fanfarras,
vulgares nas sua forma camponesa,
pouco se detém em sua inexorabilidade,
pois outro poeta esquecível morreu.
E quem se daria depois ao penoso trabalho,
de tornar sua morada de terra em monumento?
O tempo às vezes corre, às vezes se afasta,
porque viver é uma dádiva tomada por abutres.
Quando não eles, são os vermes que engolem virtudes,
embaladas em pano roxo e madeira de muitos séculos.
Hoje ocorre que a filosofia se recolhe ao mármore,
e gelada como ele, aos olhos não mais se apresenta.
Por isso, morrer é como imitar as moscas varejeiras,
e de onde vem tanta estupidez, muito mais há de vir.
Deixe ao inferno a primazia da purificação.
Ao pulso de quem arbitra o chicote, o destino.
Só a dor reescreve o que é clássico
e só as feridas trazem verdade às canções .