PRELÚDIO PARA O TEMPO DE GUERRA

A paz é uma costura entre guerras,

uma fissura nas respostas de Deus.

O funeral interrompido por fanfarras,

vulgares nas sua forma camponesa,

pouco se detém em sua inexorabilidade,

pois outro poeta esquecível morreu.

E quem se daria depois ao penoso trabalho,

de tornar sua morada de terra em monumento?

O tempo às vezes corre, às vezes se afasta,

porque viver é uma dádiva tomada por abutres.

Quando não eles, são os vermes que engolem virtudes,

embaladas em pano roxo e madeira de muitos séculos.

Hoje ocorre que a filosofia se recolhe ao mármore,

e gelada como ele, aos olhos não mais se apresenta.

Por isso, morrer é como imitar as moscas varejeiras,

e de onde vem tanta estupidez, muito mais há de vir.

Deixe ao inferno a primazia da purificação.

Ao pulso de quem arbitra o chicote, o destino.

Só a dor reescreve o que é clássico

e só as feridas trazem verdade às canções .

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 21/07/2023
Código do texto: T7842813
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