QUASE NÃO SER

Entre as intensidades do desejo

e as incertezas da necessidade

inventa-se em mim um eu manco

feito de precariedades.

Não sei bem se existo

ou se sou uma ilusão

das coisas que me colonizam.

Só sei que não sou eu

quem habita o mundo

É o mundo quem me habita,

como um parasita.

No fundo sou apenas um corpo,

um lugar,

perdido no vazio de tudo.