Encontro cósmico
E no dorso do planeta o impetuoso vento polar se assanhou para a imensidão equatorial
O que queria ao coriscar tão longe da salvaguarda vernácula nem ele bem sabia
Mas logo perceberam sua ingênua tentativa de ver-se como em espelho ao olhar tamanho ardor
E o óbvio aconteceu
Rápido ele começou a evaporar-se em dores e remorsos
Mas sua solidão do sul logo lhe impelia a mais tentativas
E o polar inflava o peito em novo vigor
Os trópicos até já se aliviavam com o benfazejo fenômeno
Mas é implacável a maquinaria das substâncias
E choveu, e não foi de leves borrifos, mas de estrondosos pés-d'água
E, por quarentas dias e quarenta noites, quenturas ácidas banharam gélidas navalhas
Tanto que não mais se divisavam as forças que, absortas nos ataques, não se perceberam transformadas em pura exalação, que nada mais era que o não ser de cada uma: tentaram ser um no outro, tentaram apagar-se para reescreverem-se únicos, se consumiram...
E agora que o ciclo de tudo no mundo clama seu tempo, estão lambendo suas feridas
Nos trópicos há saudade de quando o sul era refrescante brisa
E no polo há saudade de quando os vulcões eram a mais magnânima e hipnótica força que se desejava enfrentar
Os alísios assopram por outras bandas
E os contra-alísios se quedam silentes em seu umbigo