Sê(r) livre
Ser comedida nunca me vestiu bem
Um traje que nunca comportou
[confortável] a complexa forma do meu existir
Como espartilhos da era vitoriana
Com seus ilhoses e barbatanas
Comprimindo das costelas ao meu sentir
Por sentir demais
Inquietação dos meus sentidos
Sufocados por vezes incontáveis
Nas vestes que me puseram
Menores do que eu
Que era tão grande com meu pensar
E minha maneira livre de ser
Permito-me agora então
Andar nua por aí
De alma e mente
Vestes no chão
Sem me encobrir
Incansavelmente expressiva
Me deixo fluir
Sobre o papel em verso
Todos os meus “eus” aprisionados
Do meu lado avesso.