Por que persiste, incessante espelho?
Por que repete-se, misterioso irmão,
o menor movimento de minha mão?
És o outro eu sobre o que fala o grego.
E desde sempre espreitas [...]
( Jorge Luis Borges )
Você que é reflexo ,
Repetidor dos meus
movimentos...
Envelhece comigo.
Embaça a minha visão,
Desalinha meus cabelos,
não sorrir.
É o meu outro eu,
Vertido uma lágrima,
Enganador...
Pura ilusão.
Desfaz minha imagem
Cega e taciturno,
Poucas palavras,
Aliais nao repete minha voz... minha historia,
mudo...
Espelho trincado,
Me faz em pedaços ,
a minha realidade.
Quando sozinha, percebo,
na imagem disforme,
este eu desconhecido.
E morta, simplesmente,
Irá refletir outra imagem.
Sortuno e desleal,
Oh ser melancólico!
Objeto adverso.
Vertiginosamente, te calo,
te amparo na minha imagem distorcida,
abstrata...
Minha imagem ainda
reflete na face, minha e tua, desde sempre,
meu irmão!