Cinza
A casa está sem luz, ela é iluminada apenas pela lua.
As estrelas cintilantes que vejo, de certa forma, já não existem mais.
E quando o céu fica nublado tudo se esconde.
É curioso o fato de que nunca gostei muito de esconde-esconde;
mesmo assim, olho para a amplidão em busca de algo.
Eu olho para cima, você olha para baixo.
A energia não deve ser reestabelecida tão cedo [- dizem.]
É possível que o sol nasça amanhã [- é como devo dizer.]
Enquanto isso, seguimos na escuridão e a tempestade agora parece se formar.
Chove sem molhar. Os galhos secos, as folhas mortas.
O vinho seco parece te inundar. O fósforo parece me consumir.
O tom mais alto me deixa em tons mais escuros.
É estranho que eu queira pintar os ares de vermelho?
E se vertessem as lágrimas do céu e elas, cristalinas, limpassem a fumaça?
Isso permitiria que eu visse os mistérios mais íntimos
Permitiria revelar os viéses?
Agora, as chamas clareiam.
No breu, o vermelho aparece.
Depois de queimar, o que restará?